16 de fevereiro de 2008

Títulos e nomes

Há tempo que quero escrever sobre o fascínio que exercem em mim determinados títulos de livros, filmes e, também, certos nomes de músicas. Filmes como “A mão que balança o berço”, “Dança com lobos”, “Doze homens e um segredo”, “A sociedade dos poetas mortos”; livros como “O triste fim de Policarpo Quaresma”, “Espumas Flutuantes”, “Elogio da loucura”, “Caminhos Cruzados”; canções como “The man who sold the world”, “Teatro dos Vampiros”, Vitrine viva”, “O inferno vai ter de esperar”; todos esses títulos e outros mais, além de indicar, qualificam a produção que nomeiam. São belos, pomposos e instigantes.

Humberto Gessinger, disse numa ocasião, que deveria existir a profissão de “dar nome” pra música. Ele comentava a satisfação que o artista sente quando consegue expressar com uma ou algumas poucas palavras o sentido de toda uma canção ou de um conjunto de canções – quando se trata de escolher o nome de um álbum, por exemplo. Se, de fato, tal profissão existisse, Humberto seria um profissional bem sucedido. “A conquista do espelho”, “Armas químicas e poemas”, “Chuva de containers”, “Exército de um homem só”, “Variações sobre um mesmo tema”, “No inverno fica tarde mais cedo”, “Mapas do acaso”, são exemplos da criatividade irreverente do artista. Destaque também para “Canibal vegetariano devora planta carnívora”, do álbum "Gessinger, Licks & Maltz”.

Friedrich Nietzsche também merece destaque. Nenhum outro escritor conseguiu produzir tantos bons títulos. Costumava usar um título imponente seguido de um subtítulo que, no mais das vezes, era, no mínimo, enigmático. Seu primeiro livro de destaque é “Humano, demasiado humano”, que traz como subtítulo o indicativo: “Um livro para espíritos livres”. À obra “Assim falou Zaratustra” ele acrescentou “Um livro para todos e para ninguém”. São seus, também: “Para além do bem e do mal – Prelúdio de uma filosofia do porvir”, “Crepúsculo dos ÍdolosOu como filosofar com o martelo” e “Ecce Homo – Ou como tornar-se o que se é”. Este último, sem dúvida, a autobiografia de mais escassa modéstia da história literária. O índice do livro é o seguinte: I. Porque sou tão sábio. II. Porque sou tão sagaz. III. Porque escrevo bons livros. IV. Porque sou uma fatalidade. (Sem comentários).

No cinema, acho que a série 007 é a mais bem batizada. A se julgar pela versão brasileira, os títulos são ótimos. Os melhores, pela minha consideração: “007 - O amanhã nunca morre”, “007 - Um novo dia para morrer”, “007 - O mundo não é o bastante”, “007 - Somente para seus olhos”, “007 - Viva e deixe morrer”, “007 - Os diamantes são eternos”, "007 contra o homem com a pistola de ouro” e “Com 007 só se vive duas vezes. Ah, os filmes também são ótimos.


marcelo doro

Nenhum comentário: