16 de novembro de 2007

Hermenêutica

“A vida é uma bebida sem gelo
Engolida às pressas, às vésperas da sede”

Dentre todos os seres que vivem, o homem é, até onde se sabe, o único que tem consciência da vida; o único que, além de existir, também quer interpretar a existência. O homem é, por excelência, um ser hermenêutico. Sim, todos nós hermeneuticos, no sentido de que estamos sempre atribuindo significações para o que vemos, e fazemos. Isso acontece mesmo quando não estamos prestando atenção, pois não é algo que precisamos construir; é espontâneo! Tudo o que chega até nós é preenchido de significado. E o significado não está nas coisas, não está no mundo; o significado está em nós, vem de nós.
Cactos existem e têm vida, mas não sabem que existem e não entendem que vivem. Dromedários também existem e também têm vida, mas, assim como os cactos, não sabem que existem e nem entendem que vivem. O homem é diferente: ele sabe que existe e entende que vive. Mas nem sempre entende a vida. A vida é difícil de significar. Esse é o ônus!

[A frase entre aspas, ali em cima, é uma adaptação livre de um trecho da música “Curtamentragem”, de autoria de Humberto Gessinger. A canção compõe a faixa 11 do álbum “Várias variáveis”, do Engenheiros do Hawaii. Ouçam, vale a pena!]

marcelo doro

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