1 de setembro de 2008

Marcas do tempo - X parte

A rua corria ao longe, encostado em seu portão passava o tempo olhando as garotas sorridentes que caminhavam dentro de seus vestidos rendados. Cigarro no canto da boca e uma garrafa de refrigerante na mão esquerda. Permanecia nas tardes de domingo apenas perdendo o tempo entre um cigarro e outro, mesmo não gostando de fumar, precisava, e se não fumasse estaria deslocado de seu mundo.

O primeiro maço foi comprado com o troco de um cliente, apenas trocara o pneu furado e o bom senhor de terno deu-lhe alguns centavos. Isso bastava para iniciar seu dilema, fumar ou não fumar, eis a questão! Ser ou não ser o seu próprio assassino, estar ou não estar na modernidade... Eram questões difíceis de serem respondidas por um jovem de 17 anos. No rádio os comerciais anunciavam o sucesso, mas sua cabeça estava muito mais livre, então, apenas mantinha a imagem.

- Sou muito mais que isso! Bradava aos ventos, gritos silenciosos que não podiam ser ouvidos.

Não gostava dos jovens de seu tempo, eram tão “no sense”, sem sentido de vida, esperando um mundo novo, cheio de oportunidades, todos sonhando em morar numa grande metrópole, mas sem um mínimo de esforço para alcançar os sonhos.

Todos fugiam das escolas, ela não lhes ensinava nada de útil. Eram apenas locais que mantinham pessoas empregadas, nada de mais, sonhos se formavam na velocidade da informação, propagandas de refrigerantes em grandes cartazes, musicais em pequenos teatros, lanchonetes. Tudo era tão vago.... mas era o seu tempo e nada podia contra ele, tinha que adaptar-se, mas como? Sem perdera sua identidade e sem esquecer seus próprios sonhos?

francoa

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