3 de setembro de 2008

O brilho das estações



Deveria haver uma época para nos deprimirmos. Deveríamos poder programar nossos corações para os sentimentos: agora é hora de ficar feliz, ter euforia, exalar desejo. Não, agora é o momento de ficarmos em paz, meditativos. Gostaria de encomendar sensações, assim tudo seria mais simples. Ao que parece, o que mais existe são momentos inadequados para sentir. É preciso serenidade para manter os sentimentos sob controle, mantermos o controle, sermos auto-suficientes e capazes de ter a frieza necessária para espantar os devaneios e os medos.
A primavera dá seus precoces sinais: tudo ao redor está florido e calmo, exceto meu coração. É uma estação amena, não possui nem o calor abafado nem o frio que congela. Dois pólos distintos buscando o mesmo e ainda é inverno. Mas que confusão! Nós e o clima. Será que em algum momento cederemos, assim como uma estação cede à outra? Ou seremos autônomos o suficiente para mantermos as rédeas do suave ballet das emoções?
Nada respondo. Nada responde o desespero.
A beleza das estações e dos sentimentos devem ser aproveitados enquanto ainda há flores, enquanto ainda existem suspiros e principalmente, por quem suspirar. Tudo é efêmero: humores, sorrisos, prazeres. Não há como ser previsível. A previsibilidade enjoa, é chata.
Sincera mente, prefiro a tempestade que a calmaria de uma noite de verão.



*Imagem: A primavera, Claude Monet.


Leomaris W.

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