27 de agosto de 2008

Marcas do tempo - quinta parte

Quarta-feira foi uma noite muito fria, a névoa que se formava na rua criava uma neblina que ao encontro da luz brilhava como se estivesse caindo purpurinas nas ruas. Elas estavam desertas, não era tarde, era passada da meia noite, mas o frio afugentou os seus tradicionais habitantes, aquele silencio o assustava mais que os gritos, quando estavam gritando, sabia da onde vinham os temores, mas o silencio... Este era o maior de seus medos.
As noites não eram tranqüilas quando silenciosas, eram assustadoras, como se algo de terrível estivesse para acontecer, ao menor dos ruídos, um estrondo, um grito, uma criança chorando, um velho resmungando, tudo podia acontecer, mas nada de bom acontecia.

Naquela noite bateram em sua porta, seus temores nunca foram tão grandes. – Quem perturba meu descanso? Que descanso... Ele não descansava no silencio, ficava cada vez mais assustado, bateram de novo e de novo, então ele levantou-se e foi até a porta.

Pelas frestas viu o corpo de uma jovem, “pode ser um assalto! ’’, e o que vão levar? Ele mandou que fosse embora, mas ela não foi, ficava imóvel em frente à porta esperando como se soubesse que ele ia abrir, mas não abria, gritava, implorava que fosse embora e não o perturbasse mais. Nada adiantava, ela continuava a bater cada vez mais forte.

francoa

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