21 de agosto de 2008

Marcas do tempo - terceira parte

Durante os dias, passeava pela sua cidade, viu ela crescer aos poucos, de um pequeno vilarejo com estradas de terra que hoje se transformara em uma cidade, ainda que pequena, muito movimentada, pois era, praticamente a porta de entrada da grande metrópole existia ao lado, o que antes fora uma vila, hoje era uma cidade satélite, onde vivem apenas os bestializados. Estes que não se enquadram no padrão de riqueza da cidade.

Quando criança corria de seu jardim até a praça que ficava a poucas quadras de sua casa, chinelos ralos, uma pequena calça e uma camiseta branca, toda suja com a poeira das carroças que por lá transitavam, era uma criança feliz, passava as tardes olhando as pessoas que caminhavam por lá.

Nela tinha plantado uma muda e cuidara desde pequeno, hoje transformada em árvore, não dava mais que sobra, sonhara em colher seus frutos, mas não era uma árvore frutífera, mesmo assim não sentia-se triste, tinha um legado a ser deixado. Toda a tarde corria até ela com um copo e molhava as pequeninas folhas que nascera, ficava admirando sua beleza e simplicidade, o quão miudinha era, e tamanha força tinha. Passava horas olhando as folhas, cariciando-as.

Quando foi chamado a ajudar, fez de bom grado, mas não antes de se despedir de sua melhor amiga e confidente, já eram bem grandinhos, mas não perderam o carinho que ambos tinham um pelo outro, parecia que ela crescesse esperando a sua volta, ela que tanta sobra deu para seus amantes que se acolheram, galhos como balanços para as crianças e um forte tronco que nasceu para receber declarações eternas de amor, que não duram.

O chamado destruiu seu sonho de rever os amigos que por lá transitavam, mas seu pai voltara.


francoa

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