21 de agosto de 2008

Marcas do tempo - segunda parte

Durante a noite a folga entre os vidros da janela vibram provocando um pequeno zumbido que aos seus ouvidos trazem uma pequena canção, é uma melodia que cantava quando criança e hoje serve apenas de lembrança dos seus tempos juvenis

Da pequena cama encostada na janela ele fica observando os transeuntes que perturbam seu sono, sua janela possui apenas sujos vidros que ele consegue limpar por dentro, acho que nunca ousou abrir-la, talvez por medo que a mesma de tão velha, pudesse desmanchar e não teria condições de consertá-la, “melhor deixar assim”; pensava.

Os gritos na rua não o incomodavam mais, os seus próprios também não, era o que sobrou de seu passado, seus medos ficavam acomodados ao seu lado, junto com os remédios que o mantinham vivo, até pensou em parar com eles, mas ainda tinha medo, depois de tudo o que viveu a morte inda era o pior dos pesadelos.

A noite, quando acordava sufocado pela tosse que insistia em não o abandonar, pedia que Deus acabasse com a sua agonia, sentia tanta dor que jurava estar morrendo. Logo ele, que inúmeras pessoas salvou durante as batalhas, hoje perdia sua luta consigo mesmo.


francoa

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