E se o mundo fosse perfeito? (211 + 1)

É sempre muito difícil imaginar como as coisas seriam se não fossem do jeito que são. Talvez melhores, talvez piores, talvez apenas diferentes. Mas... e se tudo fosse perfeito? Sem complicações, sem calamidades, sem injustiças. Apenas coisas legais. Os homens entendendo as mulheres, as mulheres entendendo os homens; os jovens valorizando os velhos, os velhos compreendendo os jovens; o ocidente em paz com o oriente; nada de guerras e misérias. O mundo seria, então, um grande e belo conto de fadas. Daí, provavelmente, esse seria o problema: tudo tão certinho que não teria mais graça. Até porque, sem o devido contraste das coisas “deslegais”, a percepção do que é bom ficaria definitivamente comprometida (o calor só é bom quando o frio nos agride; a liberdade só é desejada quando fica escassa).
Isso não é um discurso conformista sobre as inconstâncias do mundo. Longe disso! Trata-se apenas de uma reflexão sobre a importância daquilo que não gostamos, pois enquanto tivermos coisas para criticar, para suportar ou para mudar, não sucumbiremos ao tédio profundo que esvazia a existência.

marcelo doro