17 de setembro de 2007

Metade....

Metade...


Que a força do medo que tenho


Não me impeça de ver o que anseio



Que a morte de tudo em que acredito


Não me tape os ouvidos e a boca


Porque metade de mim é o que eu grito


Mas a outra metade é silêncio.


Que a música que ouço ao longe


Seja linda ainda que tristeza


Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante


Porque metade de mim é partida


Mas a outra metade é saudade.



Que as palavras que falo


Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor


Apenas respeitadas


Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento


Porque metade de mim é o que ouço


Mas a outra metade é o que calo



Que essa minha vontade de ir embora


Se transforme na calma e na paz que eu mereço


E que essa tensão que me corrói por dentro


Seja um dia recompensada


Porque metade de mim é o que penso


E a outra metade um vulcão.



Que o medo da solidão se afaste


E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável


Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância


Porque metade de mim é a lembrança do que fui


E a outra metade não sei


Que não seja preciso mais que uma simples alegria


Pra me fazer aquietar o espírito


E que o teu silêncio me fale cada vez mais


Porque metade de mim é abrigo


Mas a outra metade é cansaço



Que a arte nos aponte uma resposta


Mesmo que ela não saiba


E que ninguém a tente complicar


Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer


Porque metade de mim é platéia


E a outra metade é a canção



E que a minha loucura seja perdoada


Porque metade de mim é amor


E a outra metade também.



de:

Oswaldo Montenegro


por:

Françoá

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